Devido à gama de possibilidades que a INTERNET oferece, há muito material disponível nos sites de vídeos, blogs e redes sociais.
No entanto, há uma questão que deve ser alvo de reflexão: como selecionar material para estudo e orientar nossos estudos em Dança Oriental e como estudar esse material?
Não é tão simples quanto parece.
Primeiro você precisa ter em mente o que você quer com sua dança.
Você pode fazer a dança por mero passatempo, hobby e portanto deixar nas mãos de sua professora/coreógrafa decidir o estilo que vai seguir. Ou, você prefere não estar ligada a um grupo e estudar sozinha, definindo o que você quer para sua dança.
Em ambas as hipóteses, você vai se deparar com vários caminhos.
E é sobre estas possibilidades que trata esse post.
O propósito deste post é falar sobre as minhas escolhas de estudo pessoal e do grupo que eu coordeno, e como cheguei até estas escolhas e como descartei outras opções ao longo de quase 20 anos de estudo das Danças Árabes. Realmente não tem como estudar coisas opostas -ou você opta por uma Dança Árabe com interpretação Oriental ou opta por uma Dança Árabe com interpretação Ocidental.
Primeiro passo, que eu considero fundamental a toda pessoa que pretende estudar esta Arte com seriedade: saber de onde viemos para definir para onde vamos.
Trata-se de conhecer as raízes, as origens da Dança e da Música Árabe.
Ou seja, conhecer e estudar as principais dançarinas da Era Dourada (décadas de 50, 60 e 70) bem como os Músicos desta mesma Era. Sem esse primeiro passo bem solidificado - um estudo sério e detalhado de movimentos e musicalidade - você fica refém de modismos.
Não tem como estudar a Dança Árabe sem estudar a Música Árabe com suas características fundamentais porque uma está intrincicamente ligada a outra. Senão, corremos o risco de ler e interpretar a música oriental como ocidentais (o que tem acontecido muitíssimo em nosso País).
Conhecer a música árabe, sua estrutura (melodia, ritmo, percussão) e como interpretar cada elemento. Conhecer os instrumentos árabes e como podemos traduzir em termos de movimento, cada som, dentro de um estilo egípcio. Eis o primeiro passo.
É bem diferente do Jazz, por exemplo, onde você estuda os movimentos sequenciados e depois joga na música, na Dança Árabe isso torna-se um desastre.
Mas, voltando a falar da Dança Egípcia, por onde começar?
Primeiramente , recomendo a obra destes quatro nomes, que pra mim, são os pilares de estudo de toda dançarina oriental que se preza:
1) Mohamed Abdel Wahab
2) Farid El Atrash
3) Abdel Halim Hafez
4) Om Kalthoum
Costumo dizer sempre em sala de aula: a música árabe é perfeita, ela é completa. As peças clássicas trazem exatamente tudo o que uma dançarina precisa. Basta saber ouví-las e interpretá-las dignamente.Ela diz para a dançarina o que ela deve fazer. Por que então nem todas fazem? Será que o ouvido ocidental não consegue ouvir além do ritmo? Ou será que estão tão preocupadas com as sequências prontas que esquecem que a música deve ser a base para sua performance?
Um músico que produziu uma série de cd´s "Best Of" destes grandes nomes, é Hossam Ramzy, com arranjos perfeitos para serem interpretados pela dançarina - eu recomendo e utilizo em minhas aulas.
Com relação a vídeos de Dança no You Tube, não tem erro se você seguir o mapa das dançarinas da Era Dourada. Procure por:
1) Samia Gamal
2) Nagwa Fouad
3) Soheir Zaki
4) Mona El Said
5) Aza Sharif
6) Taheya Karioka
7) Naima Akef
8) Nádia Gamal
9) Fifi Abdo
Agora vem a questão fundamental: como estudar este material?
Não basta assistir superficialmente. É preciso assistir e analisar como elas executavam os movimentos, como interpretavam e sentiam a música e , sobretudo, como faziam a leitura musical, ou seja, de que maneira elas demonstravam cada momento da música em seus movimentos- melodia, ritmo, percussão.
Porque há muitas pessoas que eu ouço falar: "Ah, eu estudo as dançarinas da Golden Age."
Mas não vejo nada destas bailarinas em sua dança. Então eu pergunto: como ela estuda? Será que estuda mesmo ou somente passa o olho pra desencargo de consciência?
Apesar da maioria dos vídeos serem antigos, muitos em preto e branco, é um material que contém a essência da Dança Árabe e deve ser assistido inúmeras vezes.
Dentro desta abordagem tradicional, há muito conteúdo a ser analisado.
Além de aprender a ouvir a música oriental, dentro de suas especificidades, a aluna vai ter que compreender o movimento, seu corpo a partir dessa cultura. E não adaptar essa cultura à sua expressão corporal ocidental. Eis um grande desafio. Há que se fazer um trabalho de dissociação das partes do corpo e consciência corporal pois sem um controle da musculatura dissociada, fica mais difícil expressar as sutis nuances da musicalidade oriental.
Esta é a maneira que eu estudo e conduzo as aulas, as coreografias e estudos no meu Núcleo Cultural. É muito importante deixar bem claro para a aluna que inicia seus estudos comigo para que ela não se sinta "enganada", pra que ela saiba qual abordagem, sabendo quais as referências de estudo que serão suas para desenvolver um estudo no Núcleo.
PAZ Profunda!
Yasmine Amar
Adorei seu post, flor! Vou compartilhar! Um abraço!
ResponderExcluirAmiga só posso te dizer uma coisa: me deliciei lendo cada palavra tua viu... texto perfeitooo!!! cada palavra...tudooo...Parabéns viu... e é ótimo saber que não estou sozinha no mundo...amo demais as bailarinas egipcias antigas, Samya principalmente, recentemente fiz uma apresentação tributo à samya gamal, música, figurino, movimentos, tudo... vou te enviar o link do vídeo ok...
ResponderExcluirBjsss
Bjsss
Vou divulgar seu post, amei!
ResponderExcluirYasmin Nammu já vi ao vivo e me apaixonei e nunca mais esqueci. Ela é maravilhosa.
Confesso não estudar a fundo as bailarinas antigas, eu assisto para conhecer os videos e retirar alguma coisa legal para mim.
Mas as músicas... sou brega demais, costumo dizer que não consigo largar os anos 90. haahahahah
Obrigada, meninas! Grata pelos compartilhamentos e pelos comentários!
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