terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Dicas para Construção Coreográfica ou Improvisação



por Yasmine Amar

Construção Coreográfica

1.       Definindo movimentos, fontes e referenciais


          A construção coreográfica em Dança Oriental é diretamente relacionada com a estrutura da música escolhida.

          O “desenho” ou “esquema” sugerido a seguir, para sua performance em Dança do Ventre, é apenas uma sugestão que exemplifica o processo. Em cima dessa sugestão, você vai construir sua própria sequência, enriquecendo-a com sua criatividade, personalidade e repertório de movimentos para a Dança com os quais você se identifica.

         Procure desenvolver um estudo pessoal, e anotar em um caderno todos os movimentos prediletos e criar sequências com eles pois estes movimentos e sequências serão sua marca registrada.

        Estes movimentos e sequências podem ser oriundos das aulas que você faz ou dos vídeos que assiste. É por isso que é muito importante diversificar suas fontes de estudo.  Você pode ser fã de uma dançarina em leitura musical e estudar os braços de outra dançarina, por exemplo. Isso fará com que você não se torne uma cópia de ninguém. É importante também passar pelo processo de ressignificação do movimento, onde o movimento assume as características do seu corpo. Há pessoas que preferem treinar exaustivamente e moldar o movimento de forma a ficar idêntico a um determinado estilo. Outras gostam de criar seu estilo pessoal, levando em conta, biótipo, vivência, sua história corporal e de vida.


2.       Classificando os movimentos para distribuí-los na música.



Movimentos Ondulatórios – basicamente são os movimentos sinuosos utilizados na dança. Esses movimentos representam a energia feminina e são eles: oitos (pra cima, pra baixo, pra trás e pra frente), camelos, redondos, ondulações de braços e mãos e todas as suas possíveis variações.


Movimentos Cadenciados ou Ritmados – são todos os movimentos cuja pulsação é feita na planta nos pés para marcar o ritmo e são exemplos as batidas simples ou com shimmie, andada egípcia (hagalla), twist, básico egípcio simples ou deslocando, as diferentes batidas de quadril cadenciadas, os encaixe pélvicos quando na marcação rítmica, os passinhos frente-trás, etc.


Movimentos Percussivos ou de Acentuação -  são basicamente os tremidos, soltos ou tensos, e suas variações além dos breaks como os pequenos trancos e as contrações pélvicas, os tremidos ou balanço de ombros e seus acentos.


Movimentos de Expressividade – é aí que entram os sorrisos, o olhar, a respiração intencional de expressividade, a interpretação e subjetividade. Esses movimentos, assim como os demais, devem ser planejados e ensaiados pois nem sempre o ambiente é propício para que esses elementos possam “fluir naturalmente”. Quando há ensaio, acontece de maneira muito mais natural. Algumas pessoas costumam dizer: “ Na hora sai,  na hora flui.”  Pode até ser que sim. Mas um trabalho coreográfico sério deve sim prever todos os elementos, especialmente um elemento tão importante como a interpretação.


Movimentos de Acabamento – a postura corporal, as linhas, as relações entre as linhas do corpo e o espaço, como seu corpo está posicionado em relação ao público para cada momento da música e como a postura oscila de acordo com o momento da música.


Movimentos para Orquestra – São os deslocamentos, as andadas e caminhadas, giros, voltas e viradas, arabesques e debulés.


3.       Utilização do Espaço

Preenchimento Circular

Na Horizontalidade

Na Verticalidade

As Diagonais

Elipse


4.       Dica para Improvisação

Essa dica é muito boa pra quem está iniciando no estudo da Dança e quer fluir nas improvisações sem ter uma dança repetitiva, monótona ou previsível. Consiste em elaborar uma lista com os principais movimentos da Dança Oriental. Em cima dessa lista, para cada movimento, criar 3 variações possíveis. Treinar esses movimentos e essas variações semanalmente. A cada final do treino, escolher algumas músicas e treiná-las da seguinte maneira: cada ver que surgir um momento na música para determinado movimento, executar no lugar dele, uma das variações estudadas.  Esse tipo de treinamento enriquece sua dança tornando-a muito mais dinâmica.

Exemplo: passo – batida lateral simples

Variação 1= batida lateral girando em torno de si mesma

Variação 2= batida lateral desenhando letra “V”

Variação 3= batida lateral em fusão com passo frente-trás, com e sem tremido


5.       Para Melhorar a Qualidade dos Movimentos

·         Domine completamente os passos básicos para treinar uma variação

·         Quando uma variação for muito complicada, exercite-a separadamente, dividindo o movimento em partes e repetindo bastante.

·         Alongue os grupos musculares correspondentes aos movimentos que você está sentindo dificuldades de fluidez. Muitas vezes o alongamento pode solucionar o encurtamento do movimento. Lembre-se: Não existe mulher dura, existem grupos musculares que não foram alongados apropriadamente.

·         Fortaleça glúteos e pernas, com exercícios localizados se você tem dificuldade em dominar vários tipos de tremidos em seu quadril.

·         Utilize toda potencialidade de seu quadril, não deixe seu quadril preguiçoso. Muitas vezes a aluna domina a técnica e se acomoda no domínio dessa técnica. Mais que dominar a técnica em si é preciso desenvolver versatilidade e agilidade nos movimentos.

·         Tire um tempinho diariamente na sua agenda pra movimentar seu corpo na Dança. Não deixe somente para a aula. Muitas vezes, 15 minutinhos diários podem fazer a grande diferença na sua dança.

·         Pergunte a sua professora quais os movimentos que ela considera que sejam seus pontos fortes, que você deve explorar em sua dança e quais ela considera que você deve aprofundar seu estudo e treinar para desenvolver.

·         Observe essas dicas e verás como sua dança vai evoluir rapidamente!


6.       Identificando os momentos da música

Ao escolher a música que vou dançar, primeiramente preciso identificar o estilo da música, que pode ser:


Clássica – é a música para Raks Sharqi, constituída de uma Entrance En Scene,  Maqsoum, seguida de taksins diversos que podem ser intercalados com Maqsoum, Grand Finale. Essas músicas são orquestradas e possuem muitas pontes de orquestra ligando suas partes.


Moderna – são músicas cantadas, libanesas ou egípcias e geralmente possuem ritmo fusionado com ritmos ocidentais. Muitas veze spossuem alguns taksins mas costumam ser mais repetitivas que a música clássica. É muito importante conhecer do que se trata aletra da música, para evitar gafes ou contradições.


Tarab – são peças tradicionais do cancioneiro árabe, geralmente interpretadas pela grande cantora Om Kalsoum, ou ainda Mohamed Abdel Wahab, Farid El Atrash. São músicas carregadas de sentimentalismo e necessitam de uma dose extra de interpretação. A riqueza dos arranjos dessas composições, levam a dançarina a ter um conhecimento bastante aprofundado de musicalidade e muita destreza corporal para fazer uma boa leitura.


Folclórica – aí entra a Dança Baladi, Raks Al Assaya e outros folclores e sua coreografia é bem específica.


Taksin – são os solos de um único instrumento, podendo ter ou não uma base rítmica. É o caso do derbake e outros taksins. 


Solos de derbake- a coreografia no solo de derbake é personalíssima. Tem dançarina que gosta de deslocar mais, outras gostam de demonstrar força, outras agilidade. Você terá que descobrir seu estilo. Para dançar um solo de derbake, precisamos primeiramente memorizar todos os floreios. Eu gosto de anotar as frases rítmicas num caderno, isso facilita a memorização. Em cima disso, vou criando e anotando os passos da minha coreografia.




7.       Abrindo as portas da Criatividade


“Somos condicionados a achar que tudo é difícil, que não se consegue nada sem esforço. Mas, quando transcendemos o ego, a mente, entramos no campo da pura potencialidade e nos damos conta que a abundância do Universo é direito do Ser Humano.” (Márcia de Luca)


Outro fator que nos afasta muito da criatividade é a autocensura. Ela bloqueia o fluxo de energia criativa. Se você quer fluir e trazer a presença da alma, seja numa coreografia ou numa improvisação, permita-se! Acredite que é possível afinal de contas, se você estudou, treinou, praticou, não há porque não fluir todo esse conhecimento em sua Dança. E é através da dança que a pessoa vai se reintegrando à esfera do sentir, equilibrando dessa forma o âmbito racional e o emocional.


Objetivando expressar, através da Dança, o que toca nossa alma, resgatamos nosso colorido interior. Abrindo a alma para a música, muito além dos ouvidos. Deixando-se emocionar, sentir, vivenciar é que conectamos com essa essência , essa fagulha que habita em cada um de nós!



MUITA PAZ

E BOAS DANÇAS!!!

Yasmine Amar

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