por Yasmine Amar
Construção Coreográfica
1.
Definindo movimentos, fontes e referenciais
A
construção coreográfica em Dança Oriental é diretamente relacionada com a
estrutura da música escolhida.
O
“desenho” ou “esquema” sugerido a seguir, para sua performance em Dança do
Ventre, é apenas uma sugestão que exemplifica o processo. Em cima dessa
sugestão, você vai construir sua própria sequência, enriquecendo-a com sua
criatividade, personalidade e repertório de movimentos para a Dança com os
quais você se identifica.
Procure desenvolver um estudo pessoal, e anotar em um caderno todos os
movimentos prediletos e criar sequências com eles pois estes movimentos e
sequências serão sua marca registrada.
Estes
movimentos e sequências podem ser oriundos das aulas que você faz ou dos vídeos
que assiste. É por isso que é muito importante diversificar suas fontes de
estudo. Você pode ser fã de uma
dançarina em leitura musical e estudar os braços de outra dançarina, por
exemplo. Isso fará com que você não se torne uma cópia de ninguém. É importante
também passar pelo processo de ressignificação do movimento, onde o movimento
assume as características do seu corpo. Há pessoas que preferem treinar
exaustivamente e moldar o movimento de forma a ficar idêntico a um determinado
estilo. Outras gostam de criar seu estilo pessoal, levando em conta, biótipo,
vivência, sua história corporal e de vida.
2.
Classificando os
movimentos para distribuí-los na música.
Movimentos Ondulatórios – basicamente são os
movimentos sinuosos utilizados na dança. Esses movimentos representam a energia
feminina e são eles: oitos (pra cima, pra baixo, pra trás e pra frente),
camelos, redondos, ondulações de braços e mãos e todas as suas possíveis
variações.
Movimentos Cadenciados ou Ritmados – são todos os
movimentos cuja pulsação é feita na planta nos pés para marcar o ritmo e são
exemplos as batidas simples ou com shimmie, andada egípcia (hagalla), twist,
básico egípcio simples ou deslocando, as diferentes batidas de quadril
cadenciadas, os encaixe pélvicos quando na marcação rítmica, os passinhos
frente-trás, etc.
Movimentos Percussivos ou de Acentuação - são basicamente os tremidos, soltos ou
tensos, e suas variações além dos breaks como os pequenos trancos e as
contrações pélvicas, os tremidos ou balanço de ombros e seus acentos.
Movimentos de Expressividade – é aí que entram os
sorrisos, o olhar, a respiração intencional de expressividade, a interpretação
e subjetividade. Esses movimentos, assim como os demais, devem ser planejados e
ensaiados pois nem sempre o ambiente é propício para que esses elementos possam
“fluir naturalmente”. Quando há ensaio, acontece de maneira muito mais natural.
Algumas pessoas costumam dizer: “ Na hora sai,
na hora flui.” Pode até ser que
sim. Mas um trabalho coreográfico sério deve sim prever todos os elementos,
especialmente um elemento tão importante como a interpretação.
Movimentos de Acabamento – a postura corporal, as
linhas, as relações entre as linhas do corpo e o espaço, como seu corpo está
posicionado em relação ao público para cada momento da música e como a postura
oscila de acordo com o momento da música.
Movimentos para Orquestra – São os deslocamentos, as
andadas e caminhadas, giros, voltas e viradas, arabesques e debulés.
3.
Utilização do
Espaço
Preenchimento Circular
Na Horizontalidade
Na Verticalidade
As Diagonais
Elipse
4.
Dica para
Improvisação
Essa dica é muito boa pra quem está iniciando no
estudo da Dança e quer fluir nas improvisações sem ter uma dança repetitiva,
monótona ou previsível. Consiste em elaborar uma lista com os principais
movimentos da Dança Oriental. Em cima dessa lista, para cada movimento, criar 3
variações possíveis. Treinar esses movimentos e essas variações semanalmente. A
cada final do treino, escolher algumas músicas e treiná-las da seguinte
maneira: cada ver que surgir um momento na música para determinado movimento, executar
no lugar dele, uma das variações estudadas.
Esse tipo de treinamento enriquece sua dança tornando-a muito mais
dinâmica.
Exemplo: passo – batida lateral simples
Variação 1= batida lateral girando em torno de si
mesma
Variação 2= batida lateral desenhando letra “V”
Variação 3= batida lateral em fusão com passo
frente-trás, com e sem tremido
5.
Para Melhorar a
Qualidade dos Movimentos
·
Domine
completamente os passos básicos para treinar uma variação
·
Quando uma
variação for muito complicada, exercite-a separadamente, dividindo o movimento
em partes e repetindo bastante.
·
Alongue os
grupos musculares correspondentes aos movimentos que você está sentindo
dificuldades de fluidez. Muitas vezes o alongamento pode solucionar o
encurtamento do movimento. Lembre-se: Não existe mulher dura, existem grupos
musculares que não foram alongados apropriadamente.
·
Fortaleça
glúteos e pernas, com exercícios localizados se você tem dificuldade em dominar
vários tipos de tremidos em seu quadril.
·
Utilize toda
potencialidade de seu quadril, não deixe seu quadril preguiçoso. Muitas vezes a
aluna domina a técnica e se acomoda no domínio dessa técnica. Mais que dominar
a técnica em si é preciso desenvolver versatilidade e agilidade nos movimentos.
·
Tire um tempinho
diariamente na sua agenda pra movimentar seu corpo na Dança. Não deixe somente
para a aula. Muitas vezes, 15 minutinhos diários podem fazer a grande diferença
na sua dança.
·
Pergunte a sua
professora quais os movimentos que ela considera que sejam seus pontos fortes,
que você deve explorar em sua dança e quais ela considera que você deve
aprofundar seu estudo e treinar para desenvolver.
·
Observe essas
dicas e verás como sua dança vai evoluir rapidamente!
6.
Identificando os
momentos da música
Ao escolher a música que vou dançar, primeiramente
preciso identificar o estilo da música, que pode ser:
Clássica – é a música para Raks Sharqi, constituída
de uma Entrance En Scene, Maqsoum,
seguida de taksins diversos que podem ser intercalados com Maqsoum, Grand
Finale. Essas músicas são orquestradas e possuem muitas pontes de orquestra
ligando suas partes.
Moderna – são músicas cantadas, libanesas ou
egípcias e geralmente possuem ritmo fusionado com ritmos ocidentais. Muitas
veze spossuem alguns taksins mas costumam ser mais repetitivas que a música
clássica. É muito importante conhecer do que se trata aletra da música, para
evitar gafes ou contradições.
Tarab – são peças tradicionais do cancioneiro árabe,
geralmente interpretadas pela grande cantora Om Kalsoum, ou ainda Mohamed Abdel
Wahab, Farid El Atrash. São músicas carregadas de sentimentalismo e necessitam
de uma dose extra de interpretação. A riqueza dos arranjos dessas composições,
levam a dançarina a ter um conhecimento bastante aprofundado de musicalidade e
muita destreza corporal para fazer uma boa leitura.
Folclórica – aí entra a Dança Baladi, Raks Al Assaya
e outros folclores e sua coreografia é bem específica.
Taksin – são os solos de um único instrumento,
podendo ter ou não uma base rítmica. É o caso do derbake e outros taksins.
Solos de derbake- a coreografia no solo de derbake é
personalíssima. Tem dançarina que gosta de deslocar mais, outras gostam de
demonstrar força, outras agilidade. Você terá que descobrir seu estilo. Para
dançar um solo de derbake, precisamos primeiramente memorizar todos os
floreios. Eu gosto de anotar as frases rítmicas num caderno, isso facilita a
memorização. Em cima disso, vou criando e anotando os passos da minha
coreografia.
7.
Abrindo as
portas da Criatividade
“Somos condicionados a achar que tudo é difícil, que
não se consegue nada sem esforço. Mas, quando transcendemos o ego, a mente,
entramos no campo da pura potencialidade e nos damos conta que a abundância do
Universo é direito do Ser Humano.” (Márcia de Luca)
Outro fator que nos afasta muito da criatividade é a
autocensura. Ela bloqueia o fluxo de energia criativa. Se você quer fluir e
trazer a presença da alma, seja numa coreografia ou numa improvisação,
permita-se! Acredite que é possível afinal de contas, se você estudou, treinou,
praticou, não há porque não fluir todo esse conhecimento em sua Dança. E é
através da dança que a pessoa vai se reintegrando à esfera do sentir,
equilibrando dessa forma o âmbito racional e o emocional.
Objetivando expressar, através da Dança, o que toca
nossa alma, resgatamos nosso colorido interior. Abrindo a alma para a música,
muito além dos ouvidos. Deixando-se emocionar, sentir, vivenciar é que
conectamos com essa essência , essa fagulha que habita em cada um de nós!
MUITA PAZ
E BOAS DANÇAS!!!
Yasmine Amar
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