quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A dançarina (Almiro Andrade)

Este poema foi escrito por um grande amigo.
Uma sensibilidade incrível, foi escrito em 1996, quando eu ainda era uma jovem dançarina; hoje, na maturidade desta Arte, ainda me identifico plenamente com suas palavas.
Minha alma e vida de dançarina em palavras, pelo talentoso poeta! 
Preservei os negritos e a grafia original tal e qual me foi enviado.




A dançarina  
(Almiro)

Qual a longevidade da vida
curta se lhe parece mortal
com traços definidos
limitou seu passado
e de volta ao presente
de presente
seu mundo caiu
As mãos soltas no espaço
em movimentos sutis
revelou traços de alegria
E a entendem assim
Não sabem porém
que apenas consolam
o que há dentro de si
No seu próprio ritmo
fez da dança a evolução
Se entregou como parte
e partistes sem nada dizer
Agora nada mais
Sem ti, sem ninguém
O compasso da música
na disputa se transformou
Qual a longevidade da vida
curta se lhe parece mortal
Entendeu o Inevitável 
Mudou o cenário
A platéia atenta
se contenta
contempla a emoção
Não viram a mudança
Perdem-se na fantasia
Suspiro
As mãos tocam o chão
O silêncio ecoa
Terminou?
Explode-se de novo na dança
e gira sorrindo
Vê a vitória surgindo
O Adversário reconhece
abençoa a decisão
O espetáculo se eterniza
Qual a longevidade da vida
agora se lembra
"Sou imortal"

 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Yasmine - A Sensual Dançarina Oriental por Aurelia Hardy

O texto abaixo é do livro "Dançarinas do Mundo" de Aurelia Hardy e a ilustração é de Sybile




Meu nome é Yasmine e eu vivo no Cairo, capital do Egito, o país das pirâmides e dos faraós. Eu sou uma dançarina do ventre, e é aqui, no Egito, que as melhores dançarinas do ventre podem ser encontradas. Como eu posso falar sobre minha dança sem mencionar que a Dança Oriental é certamente a mais sensual de todas? Ela glorifica o corpo da mulher, lisonjeia sua feminilidade e a faz ficar muito bela... Eu estou preparando uma apresentação que é baseada em As Mil e Uma Noites. Pela primeira vez, nós vamos dançar no sopé das pirâmides. Alguém poderia imaginar um cenário mais esplêndido? Eu fui escolhida para atuar no papel de Shehrezade.
O figurino, que é feito de tecidos leves e macios, com cores brilhantes e bastante enfeitados com lantejoulas, transporta os espectadores para um muno de encantamento. Minha roupa tem vários tons de roxo e inclui um top bordado com fios de ouro e prata e uma saia de cintura baixa feita de musselina leve e transparente. Em volta do meu ventre podem-se ver delicadas correntes. Quando eu me movimento, os suaves sons metálicos das centenas de lantejoulas balançando me acompanham na dança. Esta noite, estou encenando essa legendária princesa que foi a única mulher que conseguiu cativar um cruel sultão graças ao seu dom de contar histórias e sua encantadora beleza. A música das percussões, dos alaúdes, violinos e flautas, com suas notas que remetem ao eterno Oriente, enche meu corpo de ar e inspira até o meu menor movimento. A música entra em mim e cada parte do meu corpo se move em sua própria nota. O ritmo acentuado das darboukas*, os tambores de mão, regem o movimento dos meus quadris que se movem em ondas lentas e lânguidas e depois em movimentos rápidos e bruscos, enquanto meus graciosos e flexíveis braços ecoam as encantadoras melodias das nays*. Meu corpo treme com o som dos ouds*; que começa em meus joelhos e sobe por minhas pernas até o meu quadril. Enquanto as tremulações percorrem o meu corpo, eu me movo graciosa e suavemente, acompanhando o ritmo e o movimento dos sagats*. A magia da dança tem seu efeito; o público é cativado sob seu encanto...

* darbouka: instrumento de percussão oriental
* Nay: uma flauta oriental
* Oud: o precursos do alaúde
* Sagats: minipratos de metal  que são mantidos entre o polegar e o dedo indicador

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sagats (snujs, zills, finger cymbals)

Núcleo Cultural Yasmine Amar - Dia Internacional da Dança
SESC Arsenal 2012








"No Egito, numa cidade chamada Bubast, as sacerdotisas costumavam uma vez por ano descer até o rio Nilo, durante os festivais que reverenciam as deusas femininas, para cantar, queimar incensos e tocar sinos que mais tarde foram substituídos pelos sagats. O som desse instrumento era para invocar a deusa Bastet, protetora das dançarinas e das mulheres que cuidavam de crianças pequenas. Acreditava-se que a bailarina purificava o ambiente ao dançar com os sagats."


A origem é bem remota. No entanto, no Egito, desde as dançarinas gawazee, bem mais recente, a utilização dos sagats é muito comum. Muitas delas tocam levemente, mas utilizam o instrumento para compor sua dança. O que pode ser observado em vídeos das dançarinas da Era Dourada (Naima Akef, Samia Gamal, Taheya Karioka), bailarinas que marcaram a transição entre a dança gawazee e o que conhecemos hoje por Raqs El Sharqi.

A Utilização


Os sagats não estão no mesmo patamar do derbake, doholla, duff, etc , ou seja, apenas acompanham a percussão de linha tornando-a mais alegre e envolvente. Por isso, especialmente quando utilizados pela dançarina, sua utilização deve ser simples, descomplicada e fluida.


O Toque dos sagats pela BailarinaDançarina

É importante sabermos dois conceitos:


1- Vibração Sonora de uma Nota: é a durabilidade sonora da nota dentro de uma frase rítmica (batida)

2- Acentuação Sonora de uma Nota: é a nota que possui toque mais forte tornando-a mais nítida dentro da frase rítmica.


No caso do toque dos sagats, não há necessidade de você demonstrar a acentuação sonora na leitura dos "DUMS", pois os instrumentos musicais de linha estarão fazendo isso. Portanto, quanto mais natural e espontâneo for o toque, melhor. Também não há necessidade de serem tocados durante toda a peça musical. É importante sentir a música e perceber os melhores momentos para tocá-los.

No entanto, por não estarem os sagats no mesmo patamar da percussão (derbake-doholla-duff), não há necessidade dessa preocupação com acentuação sonora, mas sim, com vibração sonora. Essa preocupação, muitas vezes, só dificulta o aprendizado fazendo a dançarina desanimar e acabar desistindo de tocar sagats.

Para que você desenvolva sua habilidade e, acima de tudo, sinta prazer em tocar os sagats em sua dança, é preciso que haja maior entrega e o aprendizado em ouvir a música, em primeiro lugar.

Conhecer os principais ritmos árabes facilitará sua percepção e treinar o toque dos sagats ao som de base rítmica é fundamental para então partir para seu estudo em peças musicais.

A Utilização dos Sagats no Ensino da Dança Árabe

Eu, particularmente, gosto de utilizar os snujs para introduzir conceitos musicais, especialmente a percepção rítmica, às minhas alunas.


Atualmente, estou experimentando introduzir o estudo dos sagats já na iniciação da aluna em Dança Árabe, pois facilita no aprendizado da musicalidade como um todo.
No entanto, não há uma regra e você pode desejar dominar mais os movimentos corporais para adentrar no estudo desse instrumento musical que requer bastante coordenação motora fina e percepção rítmica.

A dica principal para tocar sagats é: treine

Você não vai aprender a tocá-los deixando-os na gaveta.

Qualquer metodologia é inútil se não houver dedicação e treinamento. E vale tudo: fazer diagonais com deslocamentos e toques ou simplesmente caminhar pela casa tocando alegremente e fazendo música com os dedos!
Aprecie!
Divirta-se e encante a todos com a musicalidade que pode emitir com os sagats!