segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

DANÇAS FOLCLÓRICAS DO ORIENTE MÉDIO



Este material é uma compilação e eu a fiz para um amigo que vai começar a dar aulas de Danças Folclóricas Árabes numa escola aquie m Cuiabá. Além de falar sobre cada dança, no final eu trago uma sugestão de plano de aula de Dança Folclórica e também links de vídeos (selecionados pela sua qualidade técnica) sobre cada uma dessas danças.


É importante que as pessoas que ensinam tenham uma noção mínima das referências em folclore, em especial nomes como Reda e Caracalla. Saber de onde vem cada folclore e qual sua postura cênica.



PARTE I

Danças Folclóricas Árabes e sua prática nas escolas


As Danças Folclóricas Árabes são típicas de diversas regiões do mundo árabe. Geralmente se originaram de situações cotidianas antigas, ou seja, nasceram no seio das manifestações sociais e culturais desses povos.
O Dabke é a dança mais popular no Líbano, Jordânia, Palestina e Síria. o que a torna tão estimada por toda colônia árabe que é formada, em nossa cidade, de sírios e libaneses. A Dança Masculina com bastões, chamada Tahteeb é originária em Port Said, região sul do Egito, uma região muito pitoresca e rica em folclore. De Alexandria, a dança mais conhecida é a Dança dos Pescadores, que sofreu muita influência da colonização grega. Do Golfo Pérsico, temos o Khallige, uma dança pra ser praticada por mulheres e homens, porém, de maneira diferenciada. No entanto, devido a colônia árabe ser predominantemente formada por libaneses e sírios, as danças egípcias despertam pouco interesse. A Dança mais solicitada ainda é o Dabke, pois faz com que estes imigrantes e descendentes de imigrantes sintam muitas saudades de sua terra, seu amor pelo seu País, ao verem uma apresentação ou participarem com um grupo.


Quando falamos em danças folclóricas árabes, temos dois grandes referenciais mundiais que podem basear nossas pesquisas coreográficas:

1) Mahmoud Reda – folclore egipcio
2) Caracalla – folclore libanês


Aqui no Brasil há vários dançarinos que representam e estudam seriamente o folclore masculino, como Nasser Mohamed, Anthar Lacerda, Téo Versiani, Tárik, Márcio Mansur.


“O dabke é o oposto da da Dança Oriental feminina ,a virilidade do homem é sua característica mais marcante, então o dabke é realmente para o homem,e a Dança Oriental para a mulher. Os dois provocam uma satisfação interior,o homem se sente bem quando dança dabke, e a mulher se sente bem quando faz dança oriental.” (Abdel Halim Caracalla).



MAHMOUD REDA




“Nascido a 18 Março de 1930, no Cairo, Mahmoud Reda foi o pioneiro que levou a Dança oriental, no Egito, para os palcos. foi solista e actualmente considerado um dos melhores coreógrafos a nível internacional, havendo quem o aclame como o Fred Astaire da Dança Oriental. Diretor de centenas de Produções, ele andou em tournée por mais de 60 países, tendo apresentado performances nos principais e mais prestigiados teatros a nível mundial, nomeadamente, Carnegie Hall (NY, USA), Albert Hall (London, UK), Congress Hall (Berlin, Germany), Stanislavsky & Gorky Theaters (Moscow, USSR), Olympia (Paris, France) and the United Nations (NY & Geneva).


A Companhia de Mahmoud Reda é financiada pelo governo Egipcio na medida em que é encarada como representando o folclore egipcio tanto a nível da música como das danças. O grupo viaja por todo o Egipto investigando e analizado as danças folcloricas e depois organiza tournées mundiais para promover essas danças como uma forma de arte, digna de respeito.

Aula do mestre do folclore egípcio: http://www.youtube.com/watch?v=KWaLkox35Mw


CARACALLA


O Ballet Caracalla é uma companhia de dança Libanesa que mistura ballet,danças folclóricas
árabes de todos os estilos como dabke,a Dança Oriental (mais conhecida como Dança do Ventre)
É uma das maiores companhias de Dança de todo o Meio Oriente. O grande coreógrafo libanês Abdul-Halim Caracalla inovou ao misturar elementos de dança clássica e moderna à dança árabe tradicional. Seu trabalho é referência mundial e ficou muito conhecido através de suas apresentações no Festival Internacional de Baalbeck (FIB), um dos eventos culturais mais antigos e mais importantes do Oriente Médio. O FIB acontece anualmente durante Julho e Agosto nas ruínas romanas dos templos de Baalbek. Iniciado em 1955, o evento só tornou-se oficial no ano seguinte. Interrompido durante todo o período da guerra civil libanesa, o festival retomou suas atividades em 1997. Desde então, com mais de quarenta mil espectadores, o FIB vem atraindo artistas de renome internacional.

Na acrópole romana, dança e teatro são apresentados em um sítio arqueológico majestoso fazendo das noites estivais momentos mágicos e inesquecíveis. http://www.youtube.com/watch?v=A0hITgjr-YM&feature=related

DABKE



O dabke pode ser executado por homens, mulheres e crianças. Dabke quer dizer: bater no chão com o pé. Era o que acontecia na época dos fenícios, que para confeccionar telhados, os trabalhadores batiam com os pés na argila para amassá-la, acompanhados de tambores. Dessa forma, construíam os telhados de sua aldeia ao som forte dos tambores. Sua principal característica é a alegria e euforia que a torna uma dança muito contagiante. Por ser uma dança surgida em aldeia, traz consigo elementos de cooperação, união e integração, fundamentais para serem trabalhados com grupos de qualquer espécie. Há outra versão sobre a origem do Dabke , e foi recentemente apresentada no documentário brasileiro "Que teus olhos sejam atendidos" sobre o interior do Líbano: o dabke é a dança da vitória! Segundo um pastor da região, os exércitos árabes dançavam em suas vitórias, e a dança representa esse momento de celebração. Talvez as duas versões sejam complementares. A dança é realizada em fila, com os participantes de mãos dadas ou com elas apoiadas no quadril. Na ponta desta fila, há o líder que indica os passos a ser seguidos, podendo este também se soltar da fila e fazer passos mais destros, como saltos, giros, com muita energia. Os passos são coordenados, podendo apresentar variações, como chutes, saltos, e com uma "mexida" nos ombros, mas sempre presos à batida do acento do ritmo com a dos pés. No Líbano, a dança é tão popular, que até os idosos não deixam de dançá-la, é renomeada para Ajra em sua versão "terceira-idade". O dabke se diferencia de acordo com sua região de origem, muitas vezes encontramos a definição "dabke palestino", "dabke libanês".



Em algumas ocasiões o dabke é dançado com um bastão, assim como também no Khaleege masculino dos Emirados Árabes Unidos, o bastão tem apenas caráter simbólico sendo sua movimentação pouco expressiva.



TAHTEEB (Dança do Bastão)



FOTO: 1959 (Reda Troupe)


A Dança do Bastão originou-se no Egito podendo ser realizada por mulheres ou homens. As mulheres normalmente usam um traje denominado Galabeya e dançam com graciosidade, passos da Dança Oriental feminina, com a pulsação do rito executados de forma delicada. A performance masculina é chamada de TAHTEEB, que consisti em demonstrar a força e virilidade , utiliza-se como acessórios SHOUMA (bastão), feito ou com bambu ou cana-de-açúcar. Esta dança tem movimentos fortes, precisos utilizando bastante membros inferiores e superiores, em especial , pulsos.


Ra’as El Nasha’ar (Khaleege)


O Khaleegee é a dança do Golfo Pérsico, lá o ritmo tradicional é o soudi. Neste folclore, os homens também dançam, mas separados das mulheres (ou seja, eles não dialogam na dança, cada um tem a sua parte, e geralmente nem dançam sequer no mesmo espaço).

Este folclore tem origem numa dança beduína, os passos basicamente são a famosa "ginga" e um quê de malabarismo. Eles podem dançar dançam com o bastão ou com um rifle (uma versão dele sem gatilho), o primeiro serve como uma espécie de apoio, para balançarem para frente e para trás, também movimentando-o de forma semelhante ao Saidi (segurando com os braços para cima e o apoiando no ombro) e o segundo o giram sem parar, o jogando para cima e também usando como apoio. A roupa deste folclore é a roupa tradicional dos árabes do Golfo Pérsico. Isto é, muitos deles não usam essa roupa apenas para dançar, mas na sua vida cotidiana também.

El Sayad (Dança dos Pescadores - Egito)




Dança egípcia realizada tanto por homens como mulheres, na qual os homens representam os pescadores e as mulheres representam os "peixes" que estarão na rede. A rede, nesta dança pode aparecer como um objeto real ou imaginário, através de mímica.
O ritmo usado é o Fallahi. O traje é de marinheiro, coletes, calças e bonés típicos.
É muito comum homens dançarem numa teatralização do cotidiano, contracenando com mulheres dançando “Milaya LAff” (Dança do Lenço Enrolado). Milaya quer dizer "tecido" e laff é a palavra árabe para "enrolado". Mileya laff é, então, pano enrolado. Refere-se ao tal véu preto que a bailarina fica a enrolar e desenrolar em cena. Esse traje era muito usado no Egito recente, até meados do século XX. Não tendo dinheiro para comprar tecidos chiques, bordados e coloridos, as egípcias da periferia cobriam-se com esse véu. Iam ao mercado, passeavam, enfim, era seu traje de rua. é, na verdade, a teatralização de uma situação de rua.
Não há uma dança social no Egito com esse tecido. Ocorre que, nas cidades portuárias, particularmente Alexandria e Porto Said, as mulheres baladi, ao fazer suas compras, flertavam com os marinheiros, deixando escapulir o lenço e ajustando-o em torno dos quadris. Os marinheiros tocavam a semsemeya (tipo de música e também um instrumento musical, segundo Mahmoud el Masri), além de fazer som com colheres, chamando atenção das moças.

Essa encenação foi levada aos palcos por Mahmoud Reda, como pode ser visto no vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=SG3iMAfYDvg&feature=related

e ainda:

http://www.youtube.com/watch?v=8vjwkye0PpM



Benefícios da Prática das Danças Folclóricas na Escola


Na atualidade o que acontece é que os corpos dos alunos estão limitados ao espaço que lhes é determinado: a sala de aula. Esse corpo que se movimenta no espaço e no tempo está limitado, precisa dar conta de viver, ser e estar nesse espaço com limites. A idéia é que a dança venha dar conta de mudar essa idéia de corpo inserido num espaço, pois esse corpo deve ser considerado um corpo vivido, que pode ser “educado” a experenciar a capacidade de sonhar.

“Os jovens devem ter sonhos... ou nas palavras do Poeta Paulo Bomfim, um tema para viver!” (Gabriel Chalita)

A dança deve proporcionar situações que auxiliem no desenvolvimento de habilidades motoras, e ao mesmo tempo funcionar como agente direto para o auto-conhecimento. Percebe-se que a dança como arte expressiva do ser humano, passa por evoluções em suas forma e apropriação de cada sociedade e em cada momento, na educação ela também sofre mutações, mas é inegável sua
possibilidade de vivencia significativa corpórea.

GONÇALVES (1994) relata o fato de que corpos na Escola passam a maior parte do tempo sentados em carteiras, distribuídos em filas, pode-se observar claramente que, a Escola acaba de certa forma eliminando do corpo do aluno os movimentos involuntários, a criatividade, a espontaneidade, dando lugar ao pensamento dirigido e às ações voluntárias. Na maioria das vezes
acontece uma aprendizagem sem corpo, existem conteúdos dotados de assuntos que muitas vezes são diferentes daquilo que o aluno vive em seu dia a dia, e o corpo acaba não participando das aulas dentro da classe.
Portanto, a dança se torna essencial neste contexto, pois, possibilita vivências e transformações essenciais para o ser humano, expressa, sentimento, interação e criação são princípios básicos inseridas na dança. No caso específico da Dança Árabe, elementos como improvisação, musicalidade fazem justamente o oposto desse processo, libertando e expandindo a capacidade de síntese e reflexão.

Aspectos físicos :


Queima calorias , auxiliando no processo de emagrecimento;
Aumenta a resistência física, em especial, cardiorespiratória;
Fortalecimento de grupos musculares do membros inferiores;
Melhora o condicionamento das articulações
Confere correção postural e alinhamento postural
Promove o relaxamento muscular aliviando tensões
Desenvolve a coordenação motora e tempo de reação;
Trabalha o equilíbrio
Aumenta a flexibilidade
Desenvolve a agilidade mental
Desperta a noção de musicalidade e ritmo
Desenvolve a espacialidade
Estimula a atenção e a concentração
Aspectos terapêuticos
Auxilia no processo de desinibição e superação da timidez
Desperta a sensibilidade artística e criativa
Desenvolve a expressão
Promove o auto-conhecimento
Eleva a auto-estima
Excelente no combate à depressão por serem danças em grupo e lúdicas
Desenvolve a autoconfiança e a sensação de bem-estar com o próprio corpo
Contribui para o alívio do stress e das tensões cotidianas
Permite um intercâmbio cultural com o mundo árabe




REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:





1) http://www.dancadoventrebrasil.com/
2) Embaixada do Líbano no Brasil http://www.libano.org.br/olibano_arteecultura_mus.html
3) Caracalla http://www.caracalladance.com/
4) http://www.nasserefadwa.com.br/
5) www.efdeportes.com/.../a-danca-na-escola-educacao-do-corpo-expressivo.htm

6)http://www.faridafahmy.com/







VÍDEOS DE DANÇAS FOLCLÓRICAS NO You Tube



1) BANAT ESKANDERIA (DANÇA DOS PESCADORES -ALEXANDRIA)
BRASIL: (TÁRIK E MÁRCIO MANSUR)
http://www.youtube.com/watch?v=aHeNHw4AC0M&feature=related
EGITO: Mahmoud Rheda Troupe http://www.youtube.com/watch?v=SG3iMAfYDvg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=k1fV2rpQ-Eg&feature=related
2) DABKE
Cia Cedros do Líbano http://www.youtube.com/watch?v=U5c57Be-1-s&feature=related
Maira Magno http://www.youtube.com/watch?v=82MKut09Vms e
http://www.youtube.com/watch?v=Y_Vc2W7lJ4I
Anthar Lacerda http://www.youtube.com/watch?v=Nmy212Lq5yY&feature=related
3) KHALEEGEE
Com rifles: http://www.youtube.com/watch?v=m_1L1lLPcos&feature=related
4) TAHTEEB
Anthar Lacerda http://www.youtube.com/watch?v=88eUKguExR4
5) MAHMOUD REDA (AULA) http://www.youtube.com/watch?v=KWaLkox35Mw










PARTE II





PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES PARA IMPLANTAÇÃO DAS DANÇAS ÁRABES MASCULINAS NA ESCOLA

CONTEÚDOS SUGERIDOS: Ensinar uma dança por bimestre
Dabke de roda - libanês e palestino
Dança com Bastões (TAHTEEB) - egípcio
Khaleegee – saudita
Dança dos Pescadores – egípcia
ESTRUTURA DAS AULAS:
AQUECIMENTO – 5 min – Através de exercicios de amplitude articular, preparando o corpo para realização dos movimentos da parte específica
PARTE ESPECÍFICA – MOVIMENTOS E RITMOS – 15 min
Destina-se ao aprendizado, da técnica, postura, ritmo e execução dos principais movimentos da dança a ser estudada naquele bimestre
PARTE COREOGRAFADA – 15 min
Trata-se do aprendizado de sequência coreográfica, que pode ainda ser bom instrumento de avaliação
ALONGAMENTO – 10 min
Com objetivo de compensar a musculatura exigida, em especial e com ênfase, ísquiotibiais, bastante slicitado , especialmente no dabke
VOLTA À CALMA (RELAXAMENTO) – 5 min
Pode ser feita atividade lúdica, ou exercícios respiratórios, que preparem o aluno a voltar a suas atividades e o corpo restabelecer sua homeostase.








3 comentários:

  1. yasmim o texto é legal mas tem alguns equivocos
    tahtib é do sul era uma luta realizada nos 3 seculos de dominação turca otomana, said, que em arabe significa sul, é a dança que surgiu pra mascarar a luta que era proibida pelos otomanos , tal qual aconteceu com a capoeira no brasil
    em port said se faz uma dança chamada de sensemeya que tb e um tipo de harpa bem frenquente na região
    en eskandereya ou alexandria ja se tem outro tipo de dança
    na sensemeya se salta mais na eskandereya se usa mais o quadril
    são cidades proximas mas com contextos historicos e sociais muito distintos
    alexandria é uma das cidades mais antigas do mundo, o imperio egipcio começou la, tem mais de 4500 anos de existencia e port said foi construida em 1870 pra ser o porto de entrada do canal de suez e uma cidade planejada, feita basicamente por extrangeiros
    com um contexto absolutamente distinto de alexandria
    é como bahia e pernambuco, fica perto um do outro mas a semelhancia acaba ai

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  2. gostei de tudo, dos textos e do comentario, parabens!

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  3. Yasmine

    Parabens pelo seu bolg , amei tudo !!
    Luciana Saadya
    Minas Gerais

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