quarta-feira, 6 de março de 2019

Rotina Oriental Clássica


Badeia Masabny

Badeia Masabny (a rainha das casas noturnas do Egito) na expectativa de surpreender os seus clientes com apresentações inovadoras a cada noite, criou uma estrutura de show na qual a orquestra egípcia deveria iniciar sua apresentação com arranjos clássicos e grandiosos, para que, em seguida, a música no estilo puramente egípcio pudesse ser executada. Trechos folclóricos que emocionavam o público proveniente de outros lugares do Egito e de outros países árabes também deveriam estar presentes nos shows, assim como, os momentos em que se abria espaço para que o músico solista da noite pudesse expressar sua arte por meio da improvisação. Ao final de tudo, os músicos executavam o “grand finale” que comumente retomavam a introdução original da música e encerrava o show de forma grandiosa e entusiasmada.
A partir dessa demanda, naturalmente, os músicos mais tarde, começaram a compor peças já com tais características musicais e assim, surgiu o gênero Rotina Clássica, também chamada de Rotina Árabe, Rotina Oriental ou  Rotina Egípcia.
Podemos dizer então, que por definição, a Rotina Clássica caracteriza-se por uma música que possui introdução e finalização grandiosas, composta por trechos folclóricos e eventualmente por uma estrutura de taksim.

“A bailarina é parte da orquestra.” (Hossam Ramzy)


O termo música clássica é utilizado para indicar qualquer música que não pertença às tradições folclóricas e populares. E dentre as ramificações da música árabe está a música clássica oriental. Ela é geralmente composta por grandes orquestras e ganhou uma textura mais rica, com instrumentos específicos ou grupos de instrumentos dominando certos trechos da música. A percussão marca os ritmos e faz alguns floreios, enquanto os instrumentos melódicos produzem a melodia. É necessário conhecê-los, estudá-los e interpretá-los, tanto instrumentos quanto ritmos. E eles aparecem na música clássica, seguindo certa estrutura, que conheceremos a seguir.




A estrutura na Rotina Clássica ou Megancé (como é chamada no Egito):

Introdução: Nos países árabes é comum as bailarinas dançarem junto às grandes orquestras já mencionadas. Por isso, a introdução é respeitada como o momento de apresentação da orquestra.  É praxe a bailarina não entrar em cena nessa hora.
Chamada da bailarina: Em muitas músicas uma breve marcação de percussão indica que está chegando a hora da entrada da bailarina em cena. Aqui o mais indicado é esperar o próximo momento.

Entrada em cena: Aqui há uma mudança na música. Começam a aparecer ritmos mais rápidos, como o Malfuf, que pedem deslocamentos, giros, arabesques, developés, envelopés, chasse, uso cênico... É um momento de grandiosidade, de entrar em cena de forma elegante e altiva, mas sem perder em simpatia. Podemos utilizar acessórios, como véu. Aqui quem se apresenta ao público é a bailarina, cumprimentando-o e o convidando a embarcar com ela nessa incrível viagem!

Finale: Daqui para frente a música pode voltar para o momento 3, passar por um trecho floclórico ou seguir qualquer outra variação com a frase melódica de base. E, na finalização, retomar a fase 2, na qual a bailarina vai ocupar novamente o espaço, para se despedir do seu público. Pode até fazer as mesmas sequências que fez no início. Outra opção, por exemplo, retomar os passos e repeti-los sem o véu de entrada.
Este é um modelo geral, mas é claro que pode sofrer variações, de acordo com a música. Porém, estudando bem este padrão, a probabilidade de reconhecer esta estrutura em qualquer música clássica é grande.



Um comentário:

  1. Show! Estou num desafio que tenho que realizar uma coreografia desse estilo.

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