Badeia Masabny |
Badeia Masabny (a rainha das casas noturnas do
Egito) na expectativa de surpreender os seus clientes com apresentações
inovadoras a cada noite, criou uma estrutura de show na qual a orquestra
egípcia deveria iniciar sua apresentação com arranjos clássicos e grandiosos, para
que, em seguida, a música no estilo puramente egípcio pudesse ser executada.
Trechos folclóricos que emocionavam o público proveniente de outros lugares do
Egito e de outros países árabes também deveriam estar presentes nos shows,
assim como, os momentos em que se abria espaço para que o músico solista da
noite pudesse expressar sua arte por meio da improvisação. Ao final de tudo, os
músicos executavam o “grand finale” que comumente retomavam a introdução
original da música e encerrava o show de forma grandiosa e entusiasmada.
A partir
dessa demanda, naturalmente, os músicos mais tarde, começaram a compor peças já
com tais características musicais e assim, surgiu o gênero Rotina Clássica,
também chamada de Rotina Árabe, Rotina Oriental ou Rotina Egípcia.
Podemos
dizer então, que por definição, a Rotina Clássica caracteriza-se por uma música
que possui introdução e finalização grandiosas, composta por trechos
folclóricos e eventualmente por uma estrutura de taksim.
“A bailarina é parte da orquestra.” (Hossam Ramzy)
O termo música clássica é utilizado para indicar qualquer
música que não pertença às tradições folclóricas e populares. E dentre as
ramificações da música árabe está a música clássica oriental. Ela é geralmente
composta por grandes orquestras e ganhou uma textura mais rica, com
instrumentos específicos ou grupos de instrumentos dominando certos trechos da
música. A percussão marca os ritmos e faz alguns floreios, enquanto os
instrumentos melódicos produzem a melodia. É necessário conhecê-los, estudá-los
e interpretá-los, tanto instrumentos quanto ritmos. E eles aparecem na música
clássica, seguindo certa estrutura, que conheceremos a seguir.
A
estrutura na Rotina Clássica ou Megancé
(como é chamada no Egito):
Introdução: Nos países árabes é comum as bailarinas dançarem junto às grandes
orquestras já mencionadas. Por isso, a introdução é respeitada como o momento
de apresentação da orquestra. É praxe a bailarina não entrar em cena
nessa hora.
Chamada da bailarina: Em muitas músicas uma breve marcação de percussão
indica que está chegando a hora da entrada da bailarina em cena. Aqui o mais
indicado é esperar o próximo momento.
Entrada em cena: Aqui há uma mudança na música. Começam a aparecer
ritmos mais rápidos, como o Malfuf, que pedem deslocamentos, giros, arabesques,
developés, envelopés, chasse, uso cênico... É um momento de grandiosidade, de
entrar em cena de forma elegante e altiva, mas sem perder em simpatia. Podemos
utilizar acessórios, como véu. Aqui quem se apresenta ao público é a bailarina,
cumprimentando-o e o convidando a embarcar com ela nessa incrível viagem!
Finale: Daqui para frente a música pode voltar para o
momento 3, passar por um trecho floclórico ou seguir qualquer outra variação
com a frase melódica de base. E, na finalização, retomar a fase 2, na qual a
bailarina vai ocupar novamente o espaço, para se despedir do seu público. Pode
até fazer as mesmas sequências que fez no início. Outra opção, por
exemplo, retomar os passos e repeti-los sem o véu de entrada.
Este é um modelo geral, mas é claro que pode sofrer
variações, de acordo com a música. Porém, estudando bem este padrão, a
probabilidade de reconhecer esta estrutura em qualquer música clássica é
grande.
Show! Estou num desafio que tenho que realizar uma coreografia desse estilo.
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